GANESHA - O SEMIDEUS DA PROSPERIDADE
O Senhor Shiva morava em um palácio no alto dos Himalaias com sua consorte Parvati. Esse palácio era guardado sob o comando do Touro Nandi, que era totalmente devotado a Shiva e não deixava de cumprir nenhuma de suas ordens.
Como o Senhor Shiva se ausentava muito do palácio, pois saía muito para caçar e ficava anos fora, sua esposa Parvati sentindo-se muito solitária, fazia austeridades no lago à beira da nascente do Ganges, que ficava dentro de seus aposentos.
Um dia, Parvati deu ordens expressas a Nandi para não deixar ninguém entrar em seus aposentos, nem mesmo o Senhor Shiva. Quando Shiva voltou de uma de suas viagens quis entrar mas Nandi tentou impedi-lo. Shiva insistiu e entrou mesmo com as súplicas de Nandi, que fora instruído por Parvati para que não deixasse que ninguém entrasse sem seu consentimento. Nandi não sabia negar nada ao Senhor Shiva.
Insatisfeita com a desobediência de Nandi, Parvati decidiu que teria um filho e que esse seria totalmente devotado a ela. Então quando Shiva saiu para sua próxima viagem, ela dedicou-se inteiramente a realizar seu desejo de conseguir conceber um ser devotado a ela; sentou-se à beira do lago e começou a moldar um boneco com um pó amarelo dourado feito de pó de ouro. Quando o boneco ficou pronto ela começou cantar mantras apropriados e banhá-lo com punhados de água do Ganges.
De repente o boneco, com a aparência de um bebê, tocado pela força criadora que o Senhor Brhama enviou, tomou fôlego e começou a respirar e tornou-se um ser humano vivo e perfeito. Era o bebê mais lindo que já se tinha visto. Tinha a inteligência e força sobre humano, pois tratava-se de um semideus dotado de muitos poderes.
Ganesha, era seu nome, corria pelas cercanias do palácio demonstrando suas habilidades e em todos os jogos ele derrotava qualquer guerreiro, até mesmo o Touro Nandi, com a maior facilidade. Corria pelas montanhas deslizando pela neve e divertindo-se com seus amigos.
Quando, anos depois, o Senhor Shiva regressou ao seus domínios nos Himalaias, foi surpreendido por um jovem que barrou sua entrada. Shiva, por não saber de quem se tratava o jovem Ganesha, ficou muito irado e na forma Nataraji decepou-lhe a cabeça.
Mãe Parvati, ao ouvir o tumulto, veio correndo, mas já era tarde. Seu pequeno filho jazia na neve sobre uma poça de sangue. Desesperada ela soltou um grito tão sentido que todos os semideuses começaram a chorar; até o Senhor Brhama ouvindo esse lamento, veio em socorro de Parvati, que lhe suplicou: “, Por favor, devolva a vida ao meu filho Senhor!”
O Senhor Brhama, que é dotado de todo o poder criador pelo Ser Supremo, Visnu, disse: “Já nada posso fazer, pois ele já está morto. Só há uma forma: Shiva deve sair e ao encontrar o primeiro ser vivo, cortar-lhe a cabeça e imediatamente colocá-la sobre o corpo inerte de Ganesha e cantar os mantras que lhe vou ensinar.
Então, após caminhar pela floresta, o Senhor Shiva encontrou um elefante; cortou sua cabeça e, correndo, colocou-a sobre o pescoço do jovem Ganesha, cantou os mantras prescrevidos pelo Senhor Brahma. Logo a seguir o rapaz sentou-se e estava perfeitamente bem.
Por esse motivo, O Senhor Ganesha, tem o corpo de um menino e a cabeça de um Elefante.
OUTRA HISTÓRIA SOBRE O APARECIMENTO DE GANESHA
Outra história a respeito da origem de Ganesha e sua cabeça de elefante narra que, uma vez, existiu um Asura com todas as características de um elefante, chamado Gajasura, que estava praticando austeridades Shiva, satisfeito por esta austeridade, decidiu dar-lhe, como recompensa, qualquer coisa que ele pedisse. O demônio desejou emanar fogo continuamente do seu próprio corpo.
Desse modo, ninguém poderia se aproximar dele. Shiva concedeu o que foi pedido. Gajasura continuou sua penitência e Shiva, que aparecia a ele de tempos em tempos, perguntou, mais uma vez, o que desejava. O demônio respondeu: "desejo que você habite meu estômago."
Shiva atendeu até mesmo a este pedido e, então, passou a residir no estômago do demônio. De fato, Shiva também é conhecido como Bhola Shankara porque é uma deidade facilmente agradada; quando está satisfeito com um devoto, concede-lhe o que for pedido e, isso, de tempos em tempos, gera situações particularmente intrincadas. Por esse motivo Parvati, sua esposa, procurou por ele em todos os lugares sem obter resultado algum.
Como último recurso, foi ao seu irmão, Vishnu, pedir a ele que encontrasse seu marido. Vishnu, que conhece a tudo, respondeu: "Não se preocupe minha irmã; seu marido é Bhola Shankara e prontamente garante aos seus devotos tudo o que eles pedem, sem se preocupar com as conseqüências; acho que ele se meteu em algum problema. Vou procurar saber o que aconteceu."
Então Vishnu, o onisciente diretor do jogo cósmico, elaborou uma pequena encenação: transformou o touro Nandi, em um touro dançarino e o conduziu à frente de Gajasura, assumindo, ao mesmo tempo, a aparência de um flautista – a forma original do Senhor Krsna.
A encantadora performance de Nandi fez o demônio entrar em êxtase e perguntar ao flautista o que ele desejava. O músico respondeu: "Você pode mesmo me dar qualquer coisa que eu pedir?" Gajasura respondeu: "Por quem me tomas? Eu posso lhe dar qualquer coisa que você pedir imediatamente!" O flautista então respondeu: "Se é assim, libere Shiva do seu estômago." Gajasura entendeu, então, que este não poderia ser outro senão o próprio Visnu, o único que poderia saber desse segredo.
Nesse momento, o demônio se jogou aos pés de Krsna e, tendo liberado Shiva, pediu a este um último presente: "Tenho sido abençoado por você muitas vezes; meu último pedido é que todo mundo se lembre de mim adorando minha cabeça quando eu estiver morto." Shiva, então, trouxe seu próprio filho até ali e substituiu sua cabeça pela de Gajasura, surgindo então o Senhor Ganesha.
Ele é muito amado e frequentemente invocado, já que é o Deus da Boa Fortuna quem proporciona prosperidade e fortuna e também o Destruidor de Obstáculos de ordem material ou espiritual. É por este motivo que sua graça é invocada antes de iniciar qualquer tarefa relacionada a fartura e finanças.
Cada elemento do corpo de Ganesha tem seu próprio valor e seu próprio significado:
• A cabeça de elefante indica fidelidade, inteligência e poder discriminatório;
• O fato dele ter apenas uma única presa (a outra estando quebrada). A presa quebrada de Ganesha simboliza inicialmente sua habilidade de superar ou "quebrar" as ilusões da dualidade. Porém, existem muitos outros sentidos que têm sido associados a este símbolo. Um elefante normalmente tem duas presas. A mente também freqüentemente propõe duas alternativas: o bom e o mau, o excelente e o expediente, fato e fantasia. A cabeça de elefante do Senhor Ganesha porém tem apenas uma presa por isso ele é chamado "Ekadantha," que significa "Ele que tem apenas uma presa", para lembrar a todos que é necessário possuir determinação mental.
• As orelhas abertas denotam sabedoria, habilidade de escutar pessoas que procuram ajuda e para refletir verdades espirituais. Elas simbolizam a importância de escutar para poder assimilar idéias. Orelhas são usadas para ganhar conhecimento.
As grandes orelhas indicam que quando Deus é conhecido, todo conhecimento também é;
• A tromba curvada indica as potencialidades intelectuais que se manifestam na faculdade de discriminação entre o real e o irreal;
• Na testa, o Trishula (arma de Shiva, similar a um Tridente) é desenhado, simbolizando o tempo (passado, presente e futuro) e a superioridade de Ganesha sobre ele;
• A barriga de Ganesha contém infinitos universos. Ela simboliza a benevolência da natureza e equanimidade, a habilidade de Ganesha de sugar os sofrimentos do Universo e proteger o mundo;
• A posição de suas pernas (uma descansando no chão e a outra em pé) indica a importância da vivência e participação no mundo material assim como no mundo espiritual, a habilidade de viver no mundo sem ser do mundo.
• Os quatro braços de Ganesha representam os quatro atributos do corpo sutil, que são: mente (Manas), intelecto (Buddhi), ego (Ahamkara), e consciência condicionada (Chitta). O Senhor Ganesha representa a pura consciência - o Atman - que permite que estes quatro atributos funcionem em nós.
-A mão segurando uma machadinha, é um símbolo da restrição de todos os desejos, que trazem dor e sofrimento. Com esta machadinha Ganesha pode repelir e destruir os obstáculos. A machadinha é também para levar o homem para o caminho da verdade e da retidão;
-A segunda mão segura um chicote, símbolo da força que leva o devoto para a eterna beatitude de Deus. O chicote nos fala que os apegos mundanos e desejos devem ser deixados de lado;
-A terceira mão, que está em direção ao devoto, está em uma pose de bênçãos, refúgio e proteção (abhaya);
-A quarta mão segura uma flor de lótus (padma), e ela simboliza o mais alto objetivo da evolução humana, a realização do seu verdadeiro eu.
O divino veículo de Ganesha, o rato ou mushika representa sabedoria, talento e inteligência. Ele simboliza investigação diminuta de um assunto difícil. Um rato vive uma vida clandestina nos esgotos. Então ele é também um símbolo da ignorância que é dominante nas trevas e que teme a luz do conhecimento. Como veículo do Senhor Ganesha, o rato nos ensina a estar sempre alerta e iluminar nosso eu interior com a luz do conhecimento.
Ambos Ganesha e Mushika amam modaka, um doce que é tradicionalmente oferecido para os dois durante cerimônias de adoração. O Mushika é normalmente representado como sendo muito pequeno em relação a Ganesha, em contraste para as representações dos veículos das outras divindades. Porém, já foi tradicional na arte Maharashtriana representar Mushika como um rato muito grande, e Ganesha estando montado nele como se fosse um cavalo.
O rato (Mushika ou Akhu) também representa o ego, a mente com todos os seus desejos, e o orgulho da individualidade. Ganesha, guiando sobre o rato, se torna o mestre, e não o escravo, dessas tendências, indicando o poder que o intelecto e as faculdades discriminatórias têm sobre a mente. O rato, extremamente voraz por natureza, é habitualmente representado próximo a uma bandeja de doces com seus olhos virados em direção de Ganesha, enquanto ele segura um punhado de comida entre suas patas, como se esperando uma ordem de Ganesha. Isto representa a mente que foi completamente subordinada à faculdade superior do intelecto, a mente sob estrita supervisão, que olha fixamente para Ganesha e não se aproxima da comida sem sua permissão.
Além de ser o Semideus da Prosperidade, Ganesha também promove a sabedoria, por ter sido ele quem escreveu a primeira parte do poema épico Mahabharata (atribui-se também a ele a escrita dos Puranas, ditado por Narada e compilado por Walmiky).
Está escrito que o sábio Vyasa pediu para Ganesha que transcrevesse o poema enquanto ele ditava. Ganesha concordou, mas somente na condição de que o sábio Vyasa recitasse o poema sem interrupções ou pausas. O sábio, por sua vez, colocou a condição que Ganesha não teria somente que escrever, mas também entender tudo o que ele escutasse antes de escrever.
Dessa forma, Vyasa se recuperaria um pouco de seu falatório cansativo ao simplesmente recitando um verso bem difícil que Ganesha não conseguisse entender rapidamente. Começou o ditado, mas no corre-corre de escrever, a caneta de Ganesha se quebrou. Então ele quebrou uma de suas presas e a usou como caneta, só assim a transcrição pôde prosseguir sem interrupções, permitindo a ele manter sua palavra.
KARTIKEYA
Kartikeya é o irmão de Ganesha, com quem brincava pelos arredores dos himalaias e eram muito devotados a seus pais, principalmente à Parvati, sua mãe, a quem os dois obedeciam e protegiam quando seu pai, Shiva, estava ausente. Os dois juntos defendiam o reino com muita eficiência, pois tinham força e poderes sobrenaturais devido ao fato de serem semideuses.
Certa vez, Ganesha e Kartikeya estavam discutindo sobre qual dos dois amava mais a mãe, Parvati. A discussão já estava indo longe demais quando Parvati, como toda mãe, incomodada com a disputa dos filhos, resolveu pôr fim ao caso.
Para isso, chamou-lhes a atenção e disse que iria lançar um desafio, cujo resultado poria fim definitivamente à briga infantil entre eles. Ganesha e Kartikeya aceitaram o desafio.
Parvati explicou-lhes, então, que aquele que primeiro desse uma volta inteira ao redor do mundo, teria por ela o maior amor.
Atlético e vigoroso, Kartikeya, mais do que depressa, pegou sua montaria, que era um pavão, e saiu rapidamente voando alto a fim de sobrevoar a Terra sabendo que seu irmão não teria a mínima condição de vencê-lo devido a ser gordinho e sua montaria ser um pequenino rato. Arrogantemente proclamando-se vencedor por antecipação. Já Ganesha, com uma pesada cabeça de elefante, mais intelectual, não saiu do lugar.
Parvati mostrou-se preocupada por poder estar privilegiando Kartikeya em detrimento de Ganesha, mas como a coisa já estava feita, não teve mais tempo de voltar atrás.
Kartikeya retorna confiante, com a certeza de ter sido o vencedor e encontra Ganesha confortavelmente sentado, saboreando algumas frutas trazidas especialmente para ele por sua mãe. Nesse instante, Parvati declara Ganesha o grande vencedor da prova. Consternado, Kartikeya exige explicações.
Ganesha diz então a seu irmão, que enquanto ele estava se esforçando para dar sua volta ao mundo, ele apenas ouviu seu coração e deu uma volta ao redor de sua mãe, que era, de fato, o seu mundo.
Vendo a emoção de Parvati, Kartikeya não teve como não aceitar a supremacia de Ganesha, que com um gesto tão terno e singelo, mostrou que tinha por sua mãe o maior amor do mundo.
Para compensar Kartikeya por sua dignidade, o Senhor Shiva então o nomeou o Semideus da Guerra
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