A ESCADA EVOLUTIVA DE PATANJALY
“A Filosofia da Yoga é baseada na Escada de Patanjaly. Patanjaly, filósofo hindu, codificou – cerca de 200 dC, todos os métodos de yoga, reunindo-os num único, a que deu o nome de Râja-Yoga (yoga real ou verdadeira). Este método pode ser seguido com segurança por todos os seres humanos, sejam eles místicos ou intelectuais. Leva ele à libertação total, qualquer que seja a tendência ou natureza de cada um.
O Râja-Yoga consiste nas oito etapas abaixo:
As duas primeiras, Yamas e Niyama, constituem as bases éticas do sistema. Afirmam os mestres que, sem o sólido alicerce moral que tais normas conferem ao homem, nenhum progresso regular é possível no caminho da libertação. Desprezando aquela base, poderá o praticante de Yoga tornar-se um grande faquir, mas nunca um Yógui.” (Caio Miranda)
YAMAS
AHIMSA – não violência
“tirar a violência de dentro de si”
ASTEYA – não roubar
SATYAM – não mentir
“não mentir nem para si mesmo”
BRAHMACHARYA – equilíbrio sexual
“cultivar o bom senso”
APARIGRAHA – não cobiçar
“cuidar de seus apegos”
“Representa o princípio da caminhada para quem deseja se tornar um yogue. Neste ponto o praticante não recebe nenhum ensinamento específico: deve apenas praticar conceitos éticos para o aprimoramento de seu espírito.
O Yama cuida do relacionamento de cada um com o mundo que nos rodeia, e por isso exige que estudemos com atenção cada uma das nossas atitudes. Para começar é preciso abolir toda e qualquer forma de violência, seja ela física, verbal ou mental.”
Vem então os questionamentos:
Eu sou violento?
Em que área da minha vida sou violento comigo?
Qual a qualidade das minhas atitudes?
Qual a qualidade das minhas palavras?
Qual a qualidade do meu silêncio?
Qual a qualidade dos meus pensamentos?
Que sentimentos habitam o meu coração?
AHIMSA
“AHIMSA –Esta palavra deve ser compreendida mais genericamente por “não violência”. O que significa esse termo? Podemos responder do seguinte modo: somos violentos quando agredimos fisicamente uma pessoa. Somos violentos quando pensamos mal sobre um ser humano, de modo intenso ou não. Somos violentos quando caluniamos pessoas. Somos violentos quando privamos uma pessoa de suas alegrias, quando persuadimos pessoas a pensar mal de outra, deslocando-a ou separando-a do nosso convívio. Somos violentos quando fazemos alguém sentir culpa, pesar, apenas para faze-la sofrer a sensação do mal-estar causado pela culpa, pelo remorso. Somos violentos quando cassamos a palavra de alguém, por autoritarismo ou por achar que essa pessoa não diz coisas importantes e que, portanto, não merece ser ouvida, pois, importante é o que temos a dizer. Somos violentos quando difundimos o medo e a insegurança, quando disseminamos a dúvida, a discórdia. Somos violentos quando impedimos o crescimento pessoal e psicológico das pessoas. Somos violentos quando nos omitimos de ajudar. Somos violentos quando não temos capacidade de dominar nossa ira. Somos violentos quando não temos compaixão, quando somos insensíveis à dor do próximo. Somos violentos quando queremos submeter a consciência de pessoas, quando queremos dominar seres humanos, dirigir mente. Somos violentos quando não respeitamos velhos, mulheres e crianças. Somos violentos quando sentimos desprezo ou inferiorizamos alguém. Somos violentos quando não respeitamos a cultura e as tradições de um povo ou de uma pessoa. Somos violentos quando desrespeitamos as pessoas por pertencerem a outra condição social.
Uma forma de violência especial é aquela que praticamos contra nós mesmos, principalmente quando temos consciência do erro e o praticamos, de modo sorrateiro ou ostensivo. Há mil modos de praticarmos a violência.
Ahimsa significa ser pacífico, ter bom coração, ter compaixão. A prática da não violência é o melhor modo de diminuir e anular o sentimento de culpa. O medo e a ansiedade quase sempre decorrem da violência que praticamos. A pratica de ahimsa nos protege das nossas atitudes autodestrutivas. Os textos da Yoga dizem que a simples presença de uma pessoa não violenta diminui a tendência à violência em todo o ambiente onde ela se encontra.” (Acharya Kalyama)
ASTEYA
Esta palavra significa “não roubar”. Certamente, há o roubo das coisas materiais. Muitas vezes, rouba-se por mania (cleptomania), por necessidade material e, na maioria das vezes, por cobiça e por outras razões. Com esse tipo de roubo, estamos acostumados, pois é fato corriqueiro na imprensa.
Mas há outras formas de roubar. Pode-se roubar coisas mais sutis, mais subjetivas. Podemos até roubar a nós mesmos.
Quando não temos paz na mente, quando a mente é confusa, cheia de pensamentos desconexos, somos roubados na nossa capacidade de discernir. Perdemos a serenidade e a paz, necessários para que possamos tomar decisões corretas. Os pensamentos dispersos e confusos são uma espécie de “ladrões da mente”.
Podemos roubar dos outros a esperança, com nossas palavras de desestímulo, com nosso pessimismo. Podemos roubar dos outros a fé, do mesmo modo. Podemos roubar a confiança no futuro.
Nossos próprios pensamentos podem provocar roubos nas nossas vidas. Meu pessimismo pode roubar minha própria esperança, minha confiança e auto-estima.
A prática da Yoga torna a nossa mente clara e livre. Na medida em que essa clareza aumenta, nos tornamos cada vez mais capazes de decidir acertadamente, e cada vez menos seremos roubados nos nossos objetivos.”
(Acharya Kalyama)
BRAHMACHARYA
Há quem por ignorância e erro, fazem do sexo um tabu, e por isso evitam, condenam e, mesmo, o temem. Quem vê no sexo, uma imundície, uma ofensa à moral religiosa, portanto algo a ser temido; quem vê no ato sexual o “pecado original”, que nos condenou ao inferno; quem vê no sexo um antideus, uma degradação, uma condenação à vida sem Deus” ou uma vergonha a ser ocultada; quem vê no sexo uma fraqueza ou artimanha engendrada por belzebu, para tomar nossa alma; quem vê o sexo assim tão deformado, precisa mudar de idéia e começar a descobrir que, além de não ser pecado, nem proibido por Deus, é, ao contrário, uma expressão do próprio Deus Onipresente.
Esta castração nascida da mente é que merecia ser chamada de belzebu. E tem sido tormento e desequilíbrio para muitos seres humanos.
O próprio Yoga, mal interpretado, tem criado dificuldades àqueles que fanática e irracionalmente se decidem a cumprir um preceito chamado brahmacharya, que, ao pé da letra, quer dizer, caminho (charya) do Absoluto (Brahma). Esta palavra tem sido traduzida por quase todos os autores como “castidade” ou “celibato”, sendo, portanto, interpretada como um veto ao sexo, uma repressão que pode ser desastrosa aos homens comuns. Os verdadeiros Yoguis não reprimem por medo ou por considerarem o sexo um empecilho à realização espiritual. Eles o fazem com o fim de transformar as energias sexuais em fulgor e força criadora do espírito e o fazem sem dar publicidade ao fato e sem qualquer violência contra a natureza.
Outra atitude extrema em relação ao sexo é exatamente o abuso. O desvirtuamento, a exacerbação, a aberração da função sexual, é doença e requer tratamento, e infelizmente, tão frequente, que chega a ser normal.
Seu bem-estar e saúde psicossomática serão muito beneficiados se, sexualmente, você se comportar com pureza e castidade. Seja casto. Para isto, aprenda a amar integralmente, isto é, a partir do plano espiritual. Faça do ato sexual apenas uma parte do amor divinizado e divinizante.
Seja natural. Atenda aos salutares e normais impulsos. Defenda-se contra a dissipação engendrada pela erotização industrializada de nosso tempo.
A prática de Yoga proporciona muita energia sexual, mas ao mesmo tempo, tranquilizando e reequilibrando a mente, vai corrigindo as causas psíquicas da genitomania.
O Yoguim é rico em potencial, mas tem a tranquilidade sóbria de quem é soberano. A soberania nasce da equanimidade.
texto do livro Yoga Para Nervosos – Hermógenes)
SATYAM
Esta palavra significa “veracidade” ou “verdade”.
Na ética da Yoga, ela significa “ser veraz”. Quem nos estimula a continuar mentindo é o sucesso temporário das mentiras que contamos. Você conta uma mentira, os outros acreditam e você se sente um pequeno sucesso. Daí, sente vontade de mentir outras vezes mais. Algumas pessoas contam mentiras tão bem elaboradas que os outros passam a dizer a mesma coisa, pensando ser verdade. É preciso refletir profundamente nos processos que nos levam a mentir. Há sempre um fundo de ansiedade em todas as mentiras. Somos levados a mentir, principalmente quando estamos sob a pressão de um forte desejo de alcançar sucesso ou de querer uma vantagem pessoal, ou quando queremos ser algo que não somos.
Na mentira está implicado outro aspecto importante: a falta de respeito por nós mesmos. Quando mentimos, desrespeitamos a todos, inclusive a nós.
Quando mentimos passamos a ser solitários, uma solidão de um tipo muito especial e forte, pois nos afastamos de nosso próprio ser que é sempre puro.
Devemos sempre honrar a nossa própria palavra, tanto a que temos para os outros como a que temos para nós mesmos. É preciso ter coerência e consistência interior. Nada que se relacione ao orgulho e à teimosia, mas à integridade.
Não se deve dizer a verdade com veemência ou violência. A verdade deve sempre ser dita com suavidade.
Que a sua palavra seja sempre comedida, humilde sem humilhação. Não se esforce para aparentar ser brilhante. Seja você mesmo, seja espontâneo e brilhe com sua própria luz, com a verdade nas suas palavras.”
APARIGRAHA
É um preceito do Yoga e significa “não cobice”.
A cobiça é fonte de ansiedade. Por sua vez se origina da insatisfação. Nasce da frustração e gera frustração.
Dela pode advir muitas atitudes mentais, destruidoras da saúde. Quem cobiça jamais experimenta satisfação, desde que está sempre em luta por mais e melhor.
Se você amarrar sobre as costas de um jabuti um pedaço de pau tendo na ponta um pedaço de alface, teoricamente pelo menos, vai faze-lo andar até fisicamente exaurir-se. Atraído pelo cheiro apetitoso, andará, sempre a perseguir aquele inatingível. É o símbolo da cobiça.
A cobiça dá origem à inveja, que é outra fonte geradora de desequilíbrios e crimes.
A cobiça, quer pelos cifrões, quer pelo mando, quer pela notoriedade, tem feito imperar na terra a corrupção. Na luta pelo poder, seja econômico, seja político, o homem se destrói, perseguindo o que, no fim das contas, é tremenda decepção.
O yoguim é candidato à saúde e à paz de espírito, e por isso, está sempre alerta para não se deixar corromper e, para isto, o preventivo é aparigraha, a não cobiça.
A cobiça mesmo que seja pelo céu, nos perturba.
É fato comprovado por poucos homens felizes que somente depois de aliviados da cobiça, vieram-lhes as mãos coisas que até então haviam em vão perseguido.
As gemas parece que fogem da bateia do garimpeiro endoidecido pela cobiça.
Aparigraha, a não cobiça, tranquiliza a alma. E quando há tranquilidade, até os pântanos ganham o privilégio de refletir as nuvens.
(Prof. Hermógenes)
NYAMAS
Saucham = pureza
Santosha = contentamento
Tapas = auto-domínio e desapego
Svadhyaya = auto-análise e observação
Iswara- Pranidhana = união absoluta com a suprema realidade
Saucham
Significa “pureza” no sentido, não só física, mas no falar, nas intenções, nos propósitos, de pensamentos e sentimentos, pureza mental. A pureza do corpo envolve a limpeza do meio circundante. A pureza do corpo envolvem uma laimentação saudável, a limpeza das nadis através dos pranayamas e dos shat karmas. (Acharya Kalyama)
“Abraçar todos os níveis éticos e morais do Ser, externa e internamente, em corpo, mente e espírito.
Pureza, purificar, limpar. Existem várias formas, como os banhos, pranayamas, ásanas, alimentação, atos e palavras que nascem do pensamento. “ (Suely Firmino)
Santosha
Significa “contentamento” no sentido de sentir contentamento com aquilo que se tem. É a rpocura voluntária da simplicidade, sem exibir pobreza deliberadamente. É um exercício de desapego, na certeza de que somo proprietários temporários do que temos. (Acharya Kalyama)
Samtocha – contentamento.
No meu conceito, o método mais expressivo de fé, pois quem está contente confia em algo, logo, a fé é um exercício de confiança no Divino.
Por outro lado, é extremamente terapêutico e energético.
Mantendo uma postura de contentamento, você conserva sua aura irradiada de amor, expandindo sua energia a outros corpos, criando uma proteção contra energias mais densas, afastando-se de doenças psicossomáticas e outras agressões.
Todos enfrentamos dificuldades, mas se cada vez que você se observar, com o olhar triste, a cabeça baixa, a testa franzida, parar e dar uma risada, imediatamente você quebrará o bloqueio tenso a sua volta. Ria, de você e para você! Ria de manhã no espelho, mesmo que sejam só 5 horas da manhã.” (Suely Firmino)
Tapas
Significa “auto-domínio e desapego” incluindo práticas de purificação e controle do corpo físico, objetivando incrementar a força de vontade e a tolerância. (Acharya Kalyama)
Svadhyaya
Significa auto análise, “estudo próprio”. O estudo dos textos védicos resultam no conhecer a si mesmo. (Acharya Kalyama)
Iswara Pranidhana
A união com a suprema realidade é fonte de beleza e de crescimento espiritual. (Acharya Kalyama)
Asanas
“O ásana pode ser visto não como a técnica relativa a cada posição, mas como qualidades e atributos nos quais devemos nos empenhar em cada postura e na própria vida. À medida que aperfeiçoamos o ásana, começamos a entender a verdadeira natureza da nossa corporificação, do nosso ser e da divindade que nos anima. E quando nos libertamos da incapacidades físicas, abrimos os portões da Alma (atma). Para compreender isso, é preciso mais do que proficiência técnica; cada ásana dever ser realizado não como um simples exercício físico, mas como meio de entender o corpo e então integra-lo com a respiração, a mente, a inteligência, a consciência e o centro. Dessa maneira, pode-se experimentar a verdadeira integração e alcançar a liberdade suprema.
…A ioga é tão antiga e tradicional quanto a civilização e persiste na sociedade moderna como um meio de alcançar a vitalidade essencial. Mas ela requer além de um corpo vigoroso, uma mente atenta e perceptiva. O iogue sabe que o corpo físico não é somente o templo da Alma, mas o meio pelo qual iniciamos a jornada interior em busca do nosso centro. Só podemos esperar realizar alguma coisa em nossa vida espiritual se primeiro prestarmos atenção ao corpo físico. Se uma pessoa almeja experimentar o divino, mas seu corpo é fraco demais para suportar o fardo, de que servem sua vontade e ambição?
…Se não transcendermos as limitações do corpo e removermos suas compulsões, ele se tornará um obstáculo. Portanto, devemos aprender a explorar além das fronteiras, ou seja, expandir e interpenetrar nossa consciência e ganhar domínio sobre nós mesmos. O ássana é ideal para isso.
…Patanjaly disse que os ássanas trazem perfeição ao corpo, beleza à forma, graça, resistência, solidez e a dureza e o brilho do diamante. Sua definição básica do ássana é “sthira sukha asanam”. Sthira significa firme, fixo, constante, resistente, duradouro, sereno, calmo e tranquilo. Sukha significa deleite, alívio e beatitude. Asanam é o plural de ássana em sânscrito. Um ássana deve ser praticado, portanto, sem agitação, perturbação e excitação em todos os níveis do corpo, da mente e da Alma. Ou, tal como traduzi antes: “Ássana é a firmeza perfeita do corpo, a constância da inteligência e a benevolência”.
Quando todos os invólucros do corpo e todas as partes de uma pessoa se coordenam durante a execução do ássana, as flutuações da mente cessam e ela se liberta das aflições. No ássana você deve alinhar e harmonizar o corpo físico e todas as camadas do sutil corpo emocional, mental e espiritual. Isso é integração. Mas como alinhar esses invólucros e experimentar essa integração? Como encontrar tão profunda transformação em algo que, visto de fora, parece simplesmente um corpo que se estica e contorce em posições incomuns? Tudo começa com a percepção.”
(textos do livro: Luz na Vida de B. K. S. Iyengar)
PRANAYAMA
“
Pranayama é o componente central da teoria e da prática da yoga. Dos oito ramos da yoga classificados por Patanjaly nos Yoga Sutras, este é um dos três que propiciam técnicas eficientes na prática. Por este motivo, pranayama, em associação com a ásana é um método acessível para começar a prática da yoga e, assim, dar o primeiro passo rumo à integração pessoal. Por isso, tem sido amplamente discutido tanto na literatura yogue antiga quanto na moderna.
O significado da palavra pranayama é um tanto confuso. Quase sempre, supõe-se erroneamente que a palavra se compõe de prana e yama (controle) com o sentido de “controle da respiração.” Entretanto, pranayama deve ser entendido como prana e ayama (alongar, esticar, estender). Prana é um conceito que significa “ força vital”. O prefixo pra significa “muito bem” e an significa “ir” ou “viajar”. Prana, então, é o que viaja bem por todas as partes do corpo, dentro de nós. É a energia total que constitui um ser humano, nele penetrando por ocasião do nascimento e deixando-o na hora da morte. Essa energia é responsável pela função da vida: o fluxo impróprio de prana é doença e a ausência de prana é morte.” ( A.G.Mohan)
“A palavra Pranayama significa “extensão e expansão da dimensão do Prana.” As técnicas de Pranayama disponibilizam o método atrave´s do qual a força vital pode ser ativada e regulada, indo além das fronteiras e limitações normais, alcançando um alto estado de energia vibratória.
A respiração é o processo mais vital do corpo. Ela influencia as atividades de cada célula, e, o mais importante, está intimamente relacionada com a performance do cérebro. Os seres humanos respiram aproximadamente 15 vezes por minuto e 21.600 vezes por dia. A respiração promove a queima do oxigênio e da glicose, produzindo a energia que move cada contração muscular, secreção glandular e o próprio processo mental. A respiração está intimamente relacionada com todos os aspectos da experiência humana.
Muitas pessoas respiram incorretamente, usando apenas uma pequena parte da capacidade pulmonar. A respiração é geralmente curta, privando o corpo do oxigênio e do prana essenciais para a boa saúde.”
(Textos do livro Asana Pranayama Mudra Bandha de Swami Satyananda Saraswati)
“A ciência ocidental considera a respiração tão-somente como um fenômeno fisiológico, mercê do qual o organismo utiliza o oxigênio do ar a fim de, com ele, efetuar as transformações químicas necessárias para que o sangue possa distribuir “nutrição” a todas as células. Parar de respirar é o mesmo que morrer.
Para a ciência Yogui a respiração, no entanto, é muito mais do que um fato fisiológico. É também psicológico e prânico. Em virtude de fazer parte dos três planos – fisiológico, psíquico e prânico-, a respiração é um dos atos mais importantes de nossa vida. É por seu intermédio que podemos conseguir acesso a todos eles. Por outro lado, é ela o único processo fisiológico duplamente voluntário e involuntário. Se quisermos, podemos acelerar, retardar, parar e recomeçar o ritmo respiratório. É-nos possível fazê-la mais profunda ou superficial. No entanto, quase todo o tempo, dela nos esquecemos inteiramente, deixando-a por conta da vida vegetativa. Graças a isto, a respiração é também a porta através da qual poderemos um dia, à custa de aprendizado, invadir o “reino proibido” do sistema vagossimpático. É principalmente graças a Lea que o yoguin avançado consegue manobrar fenômenos fisiológicos até então refratários a qualquer gerencia.” (Autoperfeição com Hatha Yoga – Hermógenes)
“Todos queremos mais energia vital. Se fosse possível empacotá-la e vendê-la em lojas, esse seria o negocio mais lucrativo de todos. O simples fato de falar sobre a energia já é suficiente para incitar e energizar as pessoas. O que todos querem saber é onde podem obtê-la. Bem, não se encontra em pacotes nem em lojas – primeiro, porque está em toda parte, e, segundo, porque não se pode cobrar por ela.
Muitos nomes são atribuídos a Deus, mesmo que ele seja um só. Isso também acontece com a energia. Falamos em energia nuclear, energia elétrica, energia muscular, energia mental, mas todas elas são energia vital – que em sânscrito se chama “energia prânica” ou simplesmente prana. Na China, o prana é denominado chi, e no Japão, ki.
No ocidente, a noção tradicional mais próxima de prana é o conceito cristão do Espírito Santo, um poder sagrado de natureza imanente e trasncendente. O prana é muitas vezes chamado de vento, sopro vital. No inicio da descrição bíblica da criação lê-se: “O alento de Deus se moveu sobre as águas”. Prana é o alento de Deus, a energia que permeia todo o universo. É a energia física, mental, intelectual, sexual, espiritual e cósmica.
Todas as energias vibrantes são prana. Todas as energias físicas – calor, luz, gravidade, magnetismo e eletricidade – também são prana. Ele é a energia potencial oculta em todos os seres, liberada em sua carga máxima quando a sobrevivência está ameaçada. É o principal motor de toda atividade. É a energia que cria, protege e destrói. On hindus costumam dizer que Deus é o criador, o preservador e o destruidor. A inalação é o poder criador, a retenção é o poder preservador e a exalação – se a energia é viciosa-, o destruidor. Assim é a ação do prana. Vigor, força, vitalidade, vida e espírito são formas de prana.
Prana é geralmente traduzido como “respiração”, embora essa seja apenas uma de suas manifestações. De acordo com os Upanishads , é o princípio da vida e da consciência. Equivale à Alma (Atma). É o alento vital de todos os seres do universo. Nascemos e vivemos graças a ele, e, quando morremos, nosso alento individual se dissolve no alento cósmico. É o aspecto mais essencial, real e presente em cada momento da vida e, no entanto, o mais misterioso. O propósito da ioga, e principalmente do pranaiama, é penetrar no coração desse mistério.
O prana, na forma de respiração, é o ponto de partida. O sufixo ayama quer dizer distensão, extensão, expansão, longitude, amplitude, regulação, prolongamento, contenção e controle. Em sua acepção mais simples, portanto, pranaiama significa prolongamento e restrição da respiração. Como o prana é energia e força vital, pranaiama significa extensão e expansão de toda a nossa energia vital. Cabe esclarecer que não se pode simplesmente aumentar o volume de algo tão volátil e explosivo como a energia pura sem tratar de contê-la, refreá-la e direcioná-la. Se você de repente triplicasse a força da corrente elétrica que circula por sua casa, nem por isso a chaleira ferveria três vezes mais rápido que o habitual e as luzes triplicariam de intensidade. Você sabe, na verdade, que isso queimaria imediatamente todos os circuitos e não restaria nada. Por que seria diferente com o corpo? É por essa razão que Patanjali claramente dizia que é preciso haver uma transição entre a prática do ásana e a do pranaiama. Por meio do ásana, os circuitos do corpo ganham força e estabilidade para resistir ao aumento da corrente provocado pela prática do pranaiama.
Ao longo dos anos, fui muitas vezes procurado por pessoas que, por não respeitarem essa precaução elementar, estavam mergulhadas num estado de profunda melancolia. Sem saber da importância de construir uma fundação sólida, elas haviam se matriculado em vários cursos na esperança de pegar um atalho para a espiritualidade. No entanto, traídas pela fraqueza do corpo e da mente, viram-se em dificuldades. Patanjali já advertia que a falta de uma base firme resulta em tristeza, desespero, instabilidade física e respiração trêmula. A depressão mental e os tremores que a acompanham são um problema sério. São extremos, e Patanjali diz claramente, no seu terceiro sutra sobre o ásana, que a prática das posturas nos protege dos perigos e vicissitudes dos extremos (era assim que ele chamava as dualidades). Isso significa que precisamos construir, no corpo e na mente, uma força moral que nos permite ter um controle sensato sobre nós mesmos. Empanturrar-se num dia e jejuar no outro não é sensato. Se uma palavra áspera no trabalho faz que mergulhemos no desânimo, na raiva ou no ressentimento isso não é sensato. Se ainda recocheteamos entre os extremos comportamentais, emocionais e mentais, não estamos prontos para o pranaiama. Se temos uma razoável firmeza no corpo e nos nervos e estabilidade emocional e mental, então, sim, estamos prontos.” ( Luz na Vida –B.K.S. Iyengar)
“A Filosofia da Yoga é baseada na Escada de Patanjaly. Patanjaly, filósofo hindu, codificou – cerca de 200 dC, todos os métodos de yoga, reunindo-os num único, a que deu o nome de Râja-Yoga (yoga real ou verdadeira). Este método pode ser seguido com segurança por todos os seres humanos, sejam eles místicos ou intelectuais. Leva ele à libertação total, qualquer que seja a tendência ou natureza de cada um.
O Râja-Yoga consiste nas oito etapas abaixo:
As duas primeiras, Yamas e Niyama, constituem as bases éticas do sistema. Afirmam os mestres que, sem o sólido alicerce moral que tais normas conferem ao homem, nenhum progresso regular é possível no caminho da libertação. Desprezando aquela base, poderá o praticante de Yoga tornar-se um grande faquir, mas nunca um Yógui.” (Caio Miranda)
YAMAS
AHIMSA – não violência
“tirar a violência de dentro de si”
ASTEYA – não roubar
SATYAM – não mentir
“não mentir nem para si mesmo”
BRAHMACHARYA – equilíbrio sexual
“cultivar o bom senso”
APARIGRAHA – não cobiçar
“cuidar de seus apegos”
“Representa o princípio da caminhada para quem deseja se tornar um yogue. Neste ponto o praticante não recebe nenhum ensinamento específico: deve apenas praticar conceitos éticos para o aprimoramento de seu espírito.
O Yama cuida do relacionamento de cada um com o mundo que nos rodeia, e por isso exige que estudemos com atenção cada uma das nossas atitudes. Para começar é preciso abolir toda e qualquer forma de violência, seja ela física, verbal ou mental.”
Vem então os questionamentos:
Eu sou violento?
Em que área da minha vida sou violento comigo?
Qual a qualidade das minhas atitudes?
Qual a qualidade das minhas palavras?
Qual a qualidade do meu silêncio?
Qual a qualidade dos meus pensamentos?
Que sentimentos habitam o meu coração?
AHIMSA
“AHIMSA –Esta palavra deve ser compreendida mais genericamente por “não violência”. O que significa esse termo? Podemos responder do seguinte modo: somos violentos quando agredimos fisicamente uma pessoa. Somos violentos quando pensamos mal sobre um ser humano, de modo intenso ou não. Somos violentos quando caluniamos pessoas. Somos violentos quando privamos uma pessoa de suas alegrias, quando persuadimos pessoas a pensar mal de outra, deslocando-a ou separando-a do nosso convívio. Somos violentos quando fazemos alguém sentir culpa, pesar, apenas para faze-la sofrer a sensação do mal-estar causado pela culpa, pelo remorso. Somos violentos quando cassamos a palavra de alguém, por autoritarismo ou por achar que essa pessoa não diz coisas importantes e que, portanto, não merece ser ouvida, pois, importante é o que temos a dizer. Somos violentos quando difundimos o medo e a insegurança, quando disseminamos a dúvida, a discórdia. Somos violentos quando impedimos o crescimento pessoal e psicológico das pessoas. Somos violentos quando nos omitimos de ajudar. Somos violentos quando não temos capacidade de dominar nossa ira. Somos violentos quando não temos compaixão, quando somos insensíveis à dor do próximo. Somos violentos quando queremos submeter a consciência de pessoas, quando queremos dominar seres humanos, dirigir mente. Somos violentos quando não respeitamos velhos, mulheres e crianças. Somos violentos quando sentimos desprezo ou inferiorizamos alguém. Somos violentos quando não respeitamos a cultura e as tradições de um povo ou de uma pessoa. Somos violentos quando desrespeitamos as pessoas por pertencerem a outra condição social.
Uma forma de violência especial é aquela que praticamos contra nós mesmos, principalmente quando temos consciência do erro e o praticamos, de modo sorrateiro ou ostensivo. Há mil modos de praticarmos a violência.
Ahimsa significa ser pacífico, ter bom coração, ter compaixão. A prática da não violência é o melhor modo de diminuir e anular o sentimento de culpa. O medo e a ansiedade quase sempre decorrem da violência que praticamos. A pratica de ahimsa nos protege das nossas atitudes autodestrutivas. Os textos da Yoga dizem que a simples presença de uma pessoa não violenta diminui a tendência à violência em todo o ambiente onde ela se encontra.” (Acharya Kalyama)
ASTEYA
Esta palavra significa “não roubar”. Certamente, há o roubo das coisas materiais. Muitas vezes, rouba-se por mania (cleptomania), por necessidade material e, na maioria das vezes, por cobiça e por outras razões. Com esse tipo de roubo, estamos acostumados, pois é fato corriqueiro na imprensa.
Mas há outras formas de roubar. Pode-se roubar coisas mais sutis, mais subjetivas. Podemos até roubar a nós mesmos.
Quando não temos paz na mente, quando a mente é confusa, cheia de pensamentos desconexos, somos roubados na nossa capacidade de discernir. Perdemos a serenidade e a paz, necessários para que possamos tomar decisões corretas. Os pensamentos dispersos e confusos são uma espécie de “ladrões da mente”.
Podemos roubar dos outros a esperança, com nossas palavras de desestímulo, com nosso pessimismo. Podemos roubar dos outros a fé, do mesmo modo. Podemos roubar a confiança no futuro.
Nossos próprios pensamentos podem provocar roubos nas nossas vidas. Meu pessimismo pode roubar minha própria esperança, minha confiança e auto-estima.
A prática da Yoga torna a nossa mente clara e livre. Na medida em que essa clareza aumenta, nos tornamos cada vez mais capazes de decidir acertadamente, e cada vez menos seremos roubados nos nossos objetivos.”
(Acharya Kalyama)
BRAHMACHARYA
Há quem por ignorância e erro, fazem do sexo um tabu, e por isso evitam, condenam e, mesmo, o temem. Quem vê no sexo, uma imundície, uma ofensa à moral religiosa, portanto algo a ser temido; quem vê no ato sexual o “pecado original”, que nos condenou ao inferno; quem vê no sexo um antideus, uma degradação, uma condenação à vida sem Deus” ou uma vergonha a ser ocultada; quem vê no sexo uma fraqueza ou artimanha engendrada por belzebu, para tomar nossa alma; quem vê o sexo assim tão deformado, precisa mudar de idéia e começar a descobrir que, além de não ser pecado, nem proibido por Deus, é, ao contrário, uma expressão do próprio Deus Onipresente.
Esta castração nascida da mente é que merecia ser chamada de belzebu. E tem sido tormento e desequilíbrio para muitos seres humanos.
O próprio Yoga, mal interpretado, tem criado dificuldades àqueles que fanática e irracionalmente se decidem a cumprir um preceito chamado brahmacharya, que, ao pé da letra, quer dizer, caminho (charya) do Absoluto (Brahma). Esta palavra tem sido traduzida por quase todos os autores como “castidade” ou “celibato”, sendo, portanto, interpretada como um veto ao sexo, uma repressão que pode ser desastrosa aos homens comuns. Os verdadeiros Yoguis não reprimem por medo ou por considerarem o sexo um empecilho à realização espiritual. Eles o fazem com o fim de transformar as energias sexuais em fulgor e força criadora do espírito e o fazem sem dar publicidade ao fato e sem qualquer violência contra a natureza.
Outra atitude extrema em relação ao sexo é exatamente o abuso. O desvirtuamento, a exacerbação, a aberração da função sexual, é doença e requer tratamento, e infelizmente, tão frequente, que chega a ser normal.
Seu bem-estar e saúde psicossomática serão muito beneficiados se, sexualmente, você se comportar com pureza e castidade. Seja casto. Para isto, aprenda a amar integralmente, isto é, a partir do plano espiritual. Faça do ato sexual apenas uma parte do amor divinizado e divinizante.
Seja natural. Atenda aos salutares e normais impulsos. Defenda-se contra a dissipação engendrada pela erotização industrializada de nosso tempo.
A prática de Yoga proporciona muita energia sexual, mas ao mesmo tempo, tranquilizando e reequilibrando a mente, vai corrigindo as causas psíquicas da genitomania.
O Yoguim é rico em potencial, mas tem a tranquilidade sóbria de quem é soberano. A soberania nasce da equanimidade.
texto do livro Yoga Para Nervosos – Hermógenes)
SATYAM
Esta palavra significa “veracidade” ou “verdade”.
Na ética da Yoga, ela significa “ser veraz”. Quem nos estimula a continuar mentindo é o sucesso temporário das mentiras que contamos. Você conta uma mentira, os outros acreditam e você se sente um pequeno sucesso. Daí, sente vontade de mentir outras vezes mais. Algumas pessoas contam mentiras tão bem elaboradas que os outros passam a dizer a mesma coisa, pensando ser verdade. É preciso refletir profundamente nos processos que nos levam a mentir. Há sempre um fundo de ansiedade em todas as mentiras. Somos levados a mentir, principalmente quando estamos sob a pressão de um forte desejo de alcançar sucesso ou de querer uma vantagem pessoal, ou quando queremos ser algo que não somos.
Na mentira está implicado outro aspecto importante: a falta de respeito por nós mesmos. Quando mentimos, desrespeitamos a todos, inclusive a nós.
Quando mentimos passamos a ser solitários, uma solidão de um tipo muito especial e forte, pois nos afastamos de nosso próprio ser que é sempre puro.
Devemos sempre honrar a nossa própria palavra, tanto a que temos para os outros como a que temos para nós mesmos. É preciso ter coerência e consistência interior. Nada que se relacione ao orgulho e à teimosia, mas à integridade.
Não se deve dizer a verdade com veemência ou violência. A verdade deve sempre ser dita com suavidade.
Que a sua palavra seja sempre comedida, humilde sem humilhação. Não se esforce para aparentar ser brilhante. Seja você mesmo, seja espontâneo e brilhe com sua própria luz, com a verdade nas suas palavras.”
APARIGRAHA
É um preceito do Yoga e significa “não cobice”.
A cobiça é fonte de ansiedade. Por sua vez se origina da insatisfação. Nasce da frustração e gera frustração.
Dela pode advir muitas atitudes mentais, destruidoras da saúde. Quem cobiça jamais experimenta satisfação, desde que está sempre em luta por mais e melhor.
Se você amarrar sobre as costas de um jabuti um pedaço de pau tendo na ponta um pedaço de alface, teoricamente pelo menos, vai faze-lo andar até fisicamente exaurir-se. Atraído pelo cheiro apetitoso, andará, sempre a perseguir aquele inatingível. É o símbolo da cobiça.
A cobiça dá origem à inveja, que é outra fonte geradora de desequilíbrios e crimes.
A cobiça, quer pelos cifrões, quer pelo mando, quer pela notoriedade, tem feito imperar na terra a corrupção. Na luta pelo poder, seja econômico, seja político, o homem se destrói, perseguindo o que, no fim das contas, é tremenda decepção.
O yoguim é candidato à saúde e à paz de espírito, e por isso, está sempre alerta para não se deixar corromper e, para isto, o preventivo é aparigraha, a não cobiça.
A cobiça mesmo que seja pelo céu, nos perturba.
É fato comprovado por poucos homens felizes que somente depois de aliviados da cobiça, vieram-lhes as mãos coisas que até então haviam em vão perseguido.
As gemas parece que fogem da bateia do garimpeiro endoidecido pela cobiça.
Aparigraha, a não cobiça, tranquiliza a alma. E quando há tranquilidade, até os pântanos ganham o privilégio de refletir as nuvens.
(Prof. Hermógenes)
NYAMAS
Saucham = pureza
Santosha = contentamento
Tapas = auto-domínio e desapego
Svadhyaya = auto-análise e observação
Iswara- Pranidhana = união absoluta com a suprema realidade
Saucham
Significa “pureza” no sentido, não só física, mas no falar, nas intenções, nos propósitos, de pensamentos e sentimentos, pureza mental. A pureza do corpo envolve a limpeza do meio circundante. A pureza do corpo envolvem uma laimentação saudável, a limpeza das nadis através dos pranayamas e dos shat karmas. (Acharya Kalyama)
“Abraçar todos os níveis éticos e morais do Ser, externa e internamente, em corpo, mente e espírito.
Pureza, purificar, limpar. Existem várias formas, como os banhos, pranayamas, ásanas, alimentação, atos e palavras que nascem do pensamento. “ (Suely Firmino)
Santosha
Significa “contentamento” no sentido de sentir contentamento com aquilo que se tem. É a rpocura voluntária da simplicidade, sem exibir pobreza deliberadamente. É um exercício de desapego, na certeza de que somo proprietários temporários do que temos. (Acharya Kalyama)
Samtocha – contentamento.
No meu conceito, o método mais expressivo de fé, pois quem está contente confia em algo, logo, a fé é um exercício de confiança no Divino.
Por outro lado, é extremamente terapêutico e energético.
Mantendo uma postura de contentamento, você conserva sua aura irradiada de amor, expandindo sua energia a outros corpos, criando uma proteção contra energias mais densas, afastando-se de doenças psicossomáticas e outras agressões.
Todos enfrentamos dificuldades, mas se cada vez que você se observar, com o olhar triste, a cabeça baixa, a testa franzida, parar e dar uma risada, imediatamente você quebrará o bloqueio tenso a sua volta. Ria, de você e para você! Ria de manhã no espelho, mesmo que sejam só 5 horas da manhã.” (Suely Firmino)
Tapas
Significa “auto-domínio e desapego” incluindo práticas de purificação e controle do corpo físico, objetivando incrementar a força de vontade e a tolerância. (Acharya Kalyama)
Svadhyaya
Significa auto análise, “estudo próprio”. O estudo dos textos védicos resultam no conhecer a si mesmo. (Acharya Kalyama)
Iswara Pranidhana
A união com a suprema realidade é fonte de beleza e de crescimento espiritual. (Acharya Kalyama)
Asanas
“O ásana pode ser visto não como a técnica relativa a cada posição, mas como qualidades e atributos nos quais devemos nos empenhar em cada postura e na própria vida. À medida que aperfeiçoamos o ásana, começamos a entender a verdadeira natureza da nossa corporificação, do nosso ser e da divindade que nos anima. E quando nos libertamos da incapacidades físicas, abrimos os portões da Alma (atma). Para compreender isso, é preciso mais do que proficiência técnica; cada ásana dever ser realizado não como um simples exercício físico, mas como meio de entender o corpo e então integra-lo com a respiração, a mente, a inteligência, a consciência e o centro. Dessa maneira, pode-se experimentar a verdadeira integração e alcançar a liberdade suprema.
…A ioga é tão antiga e tradicional quanto a civilização e persiste na sociedade moderna como um meio de alcançar a vitalidade essencial. Mas ela requer além de um corpo vigoroso, uma mente atenta e perceptiva. O iogue sabe que o corpo físico não é somente o templo da Alma, mas o meio pelo qual iniciamos a jornada interior em busca do nosso centro. Só podemos esperar realizar alguma coisa em nossa vida espiritual se primeiro prestarmos atenção ao corpo físico. Se uma pessoa almeja experimentar o divino, mas seu corpo é fraco demais para suportar o fardo, de que servem sua vontade e ambição?
…Se não transcendermos as limitações do corpo e removermos suas compulsões, ele se tornará um obstáculo. Portanto, devemos aprender a explorar além das fronteiras, ou seja, expandir e interpenetrar nossa consciência e ganhar domínio sobre nós mesmos. O ássana é ideal para isso.
…Patanjaly disse que os ássanas trazem perfeição ao corpo, beleza à forma, graça, resistência, solidez e a dureza e o brilho do diamante. Sua definição básica do ássana é “sthira sukha asanam”. Sthira significa firme, fixo, constante, resistente, duradouro, sereno, calmo e tranquilo. Sukha significa deleite, alívio e beatitude. Asanam é o plural de ássana em sânscrito. Um ássana deve ser praticado, portanto, sem agitação, perturbação e excitação em todos os níveis do corpo, da mente e da Alma. Ou, tal como traduzi antes: “Ássana é a firmeza perfeita do corpo, a constância da inteligência e a benevolência”.
Quando todos os invólucros do corpo e todas as partes de uma pessoa se coordenam durante a execução do ássana, as flutuações da mente cessam e ela se liberta das aflições. No ássana você deve alinhar e harmonizar o corpo físico e todas as camadas do sutil corpo emocional, mental e espiritual. Isso é integração. Mas como alinhar esses invólucros e experimentar essa integração? Como encontrar tão profunda transformação em algo que, visto de fora, parece simplesmente um corpo que se estica e contorce em posições incomuns? Tudo começa com a percepção.”
(textos do livro: Luz na Vida de B. K. S. Iyengar)
PRANAYAMA
“
Pranayama é o componente central da teoria e da prática da yoga. Dos oito ramos da yoga classificados por Patanjaly nos Yoga Sutras, este é um dos três que propiciam técnicas eficientes na prática. Por este motivo, pranayama, em associação com a ásana é um método acessível para começar a prática da yoga e, assim, dar o primeiro passo rumo à integração pessoal. Por isso, tem sido amplamente discutido tanto na literatura yogue antiga quanto na moderna.
O significado da palavra pranayama é um tanto confuso. Quase sempre, supõe-se erroneamente que a palavra se compõe de prana e yama (controle) com o sentido de “controle da respiração.” Entretanto, pranayama deve ser entendido como prana e ayama (alongar, esticar, estender). Prana é um conceito que significa “ força vital”. O prefixo pra significa “muito bem” e an significa “ir” ou “viajar”. Prana, então, é o que viaja bem por todas as partes do corpo, dentro de nós. É a energia total que constitui um ser humano, nele penetrando por ocasião do nascimento e deixando-o na hora da morte. Essa energia é responsável pela função da vida: o fluxo impróprio de prana é doença e a ausência de prana é morte.” ( A.G.Mohan)
“A palavra Pranayama significa “extensão e expansão da dimensão do Prana.” As técnicas de Pranayama disponibilizam o método atrave´s do qual a força vital pode ser ativada e regulada, indo além das fronteiras e limitações normais, alcançando um alto estado de energia vibratória.
A respiração é o processo mais vital do corpo. Ela influencia as atividades de cada célula, e, o mais importante, está intimamente relacionada com a performance do cérebro. Os seres humanos respiram aproximadamente 15 vezes por minuto e 21.600 vezes por dia. A respiração promove a queima do oxigênio e da glicose, produzindo a energia que move cada contração muscular, secreção glandular e o próprio processo mental. A respiração está intimamente relacionada com todos os aspectos da experiência humana.
Muitas pessoas respiram incorretamente, usando apenas uma pequena parte da capacidade pulmonar. A respiração é geralmente curta, privando o corpo do oxigênio e do prana essenciais para a boa saúde.”
(Textos do livro Asana Pranayama Mudra Bandha de Swami Satyananda Saraswati)
“A ciência ocidental considera a respiração tão-somente como um fenômeno fisiológico, mercê do qual o organismo utiliza o oxigênio do ar a fim de, com ele, efetuar as transformações químicas necessárias para que o sangue possa distribuir “nutrição” a todas as células. Parar de respirar é o mesmo que morrer.
Para a ciência Yogui a respiração, no entanto, é muito mais do que um fato fisiológico. É também psicológico e prânico. Em virtude de fazer parte dos três planos – fisiológico, psíquico e prânico-, a respiração é um dos atos mais importantes de nossa vida. É por seu intermédio que podemos conseguir acesso a todos eles. Por outro lado, é ela o único processo fisiológico duplamente voluntário e involuntário. Se quisermos, podemos acelerar, retardar, parar e recomeçar o ritmo respiratório. É-nos possível fazê-la mais profunda ou superficial. No entanto, quase todo o tempo, dela nos esquecemos inteiramente, deixando-a por conta da vida vegetativa. Graças a isto, a respiração é também a porta através da qual poderemos um dia, à custa de aprendizado, invadir o “reino proibido” do sistema vagossimpático. É principalmente graças a Lea que o yoguin avançado consegue manobrar fenômenos fisiológicos até então refratários a qualquer gerencia.” (Autoperfeição com Hatha Yoga – Hermógenes)
“Todos queremos mais energia vital. Se fosse possível empacotá-la e vendê-la em lojas, esse seria o negocio mais lucrativo de todos. O simples fato de falar sobre a energia já é suficiente para incitar e energizar as pessoas. O que todos querem saber é onde podem obtê-la. Bem, não se encontra em pacotes nem em lojas – primeiro, porque está em toda parte, e, segundo, porque não se pode cobrar por ela.
Muitos nomes são atribuídos a Deus, mesmo que ele seja um só. Isso também acontece com a energia. Falamos em energia nuclear, energia elétrica, energia muscular, energia mental, mas todas elas são energia vital – que em sânscrito se chama “energia prânica” ou simplesmente prana. Na China, o prana é denominado chi, e no Japão, ki.
No ocidente, a noção tradicional mais próxima de prana é o conceito cristão do Espírito Santo, um poder sagrado de natureza imanente e trasncendente. O prana é muitas vezes chamado de vento, sopro vital. No inicio da descrição bíblica da criação lê-se: “O alento de Deus se moveu sobre as águas”. Prana é o alento de Deus, a energia que permeia todo o universo. É a energia física, mental, intelectual, sexual, espiritual e cósmica.
Todas as energias vibrantes são prana. Todas as energias físicas – calor, luz, gravidade, magnetismo e eletricidade – também são prana. Ele é a energia potencial oculta em todos os seres, liberada em sua carga máxima quando a sobrevivência está ameaçada. É o principal motor de toda atividade. É a energia que cria, protege e destrói. On hindus costumam dizer que Deus é o criador, o preservador e o destruidor. A inalação é o poder criador, a retenção é o poder preservador e a exalação – se a energia é viciosa-, o destruidor. Assim é a ação do prana. Vigor, força, vitalidade, vida e espírito são formas de prana.
Prana é geralmente traduzido como “respiração”, embora essa seja apenas uma de suas manifestações. De acordo com os Upanishads , é o princípio da vida e da consciência. Equivale à Alma (Atma). É o alento vital de todos os seres do universo. Nascemos e vivemos graças a ele, e, quando morremos, nosso alento individual se dissolve no alento cósmico. É o aspecto mais essencial, real e presente em cada momento da vida e, no entanto, o mais misterioso. O propósito da ioga, e principalmente do pranaiama, é penetrar no coração desse mistério.
O prana, na forma de respiração, é o ponto de partida. O sufixo ayama quer dizer distensão, extensão, expansão, longitude, amplitude, regulação, prolongamento, contenção e controle. Em sua acepção mais simples, portanto, pranaiama significa prolongamento e restrição da respiração. Como o prana é energia e força vital, pranaiama significa extensão e expansão de toda a nossa energia vital. Cabe esclarecer que não se pode simplesmente aumentar o volume de algo tão volátil e explosivo como a energia pura sem tratar de contê-la, refreá-la e direcioná-la. Se você de repente triplicasse a força da corrente elétrica que circula por sua casa, nem por isso a chaleira ferveria três vezes mais rápido que o habitual e as luzes triplicariam de intensidade. Você sabe, na verdade, que isso queimaria imediatamente todos os circuitos e não restaria nada. Por que seria diferente com o corpo? É por essa razão que Patanjali claramente dizia que é preciso haver uma transição entre a prática do ásana e a do pranaiama. Por meio do ásana, os circuitos do corpo ganham força e estabilidade para resistir ao aumento da corrente provocado pela prática do pranaiama.
Ao longo dos anos, fui muitas vezes procurado por pessoas que, por não respeitarem essa precaução elementar, estavam mergulhadas num estado de profunda melancolia. Sem saber da importância de construir uma fundação sólida, elas haviam se matriculado em vários cursos na esperança de pegar um atalho para a espiritualidade. No entanto, traídas pela fraqueza do corpo e da mente, viram-se em dificuldades. Patanjali já advertia que a falta de uma base firme resulta em tristeza, desespero, instabilidade física e respiração trêmula. A depressão mental e os tremores que a acompanham são um problema sério. São extremos, e Patanjali diz claramente, no seu terceiro sutra sobre o ásana, que a prática das posturas nos protege dos perigos e vicissitudes dos extremos (era assim que ele chamava as dualidades). Isso significa que precisamos construir, no corpo e na mente, uma força moral que nos permite ter um controle sensato sobre nós mesmos. Empanturrar-se num dia e jejuar no outro não é sensato. Se uma palavra áspera no trabalho faz que mergulhemos no desânimo, na raiva ou no ressentimento isso não é sensato. Se ainda recocheteamos entre os extremos comportamentais, emocionais e mentais, não estamos prontos para o pranaiama. Se temos uma razoável firmeza no corpo e nos nervos e estabilidade emocional e mental, então, sim, estamos prontos.” ( Luz na Vida –B.K.S. Iyengar)
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